quinta-feira, 29 de novembro de 2012

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Duas vezes Luiza


Os motivos dos meus maiores desequilíbrios, tanto antes quanto agora, possuem o mesmo nome. Não o mesmo sobrenome, mas sim o mesmo nome. Com as Gabrielas eu nunca me importei. Tampouco com as Carolinas. O meu problema foi e continua sendo com as Luizas. Essas para quem até Chico compôs uma canção. Essas versões femininas do meu pai. Essas moças tão mais intensas e amáveis do que eu. Essas que, se antes foram odiadas, hoje são amadas por mim.
Minha primeira Luiza foi uma louca. Foi uma atrevida. Foi um sorriso provocante. Virou meu assunto principal e me secou de tanto choro que causou. Minha primeira Luiza me deu medo. Me deu raiva. Me tirou a fome. Minha primeira Luiza sabe como agradar um homem e desagradar uma mulher. Ela, quando ama, ama demais. Ela, quando odeia, odeia demais. Ela, quando perto de mim, me enlouquecia demais. Minha primeira Luiza me ensinou a arte da paciência e do desapego. Me ensinou a abraçar o desconhecido. Me ensinou a morrer e a ressuscitar. Minha segunda Luiza é um pouco mais ausente, é um pouco mais discreta, é um pouco mais elegante. Minha segunda Luiza pensa, equivocadamente, que se parece comigo. Pensa que ele não me gosta. Pensa que sou triste. É um mistério que eu desvendei sem muita vontade. Minha segunda Luiza não me proporcionou tantas noites ruins. Não me maltratou tanto. Não me atormentou tanto. Mas me foi como uma overdose de realidade. Minha segunda Luiza é um sinônimo de verdade. É a razão pela qual eu deixei de chorar. É a razão pela qual eu deixei de acreditar. Vive às escondidas e assim continuará, pois me ensinou também a guardar segredos e a preservar amizades.
As minhas duas Luizas sumiram de vista, mas deixaram significativas recordações. Uma das minhas Luizas me causou tanto dano, que hoje a amo. A outra me causou tanta desilusão, que hoje também a amo. As minhas Luizas me surpreenderam tanto que acho até que um homem, para me ter, precisa antes ter uma Luiza. Se não... não me acrescenta em nada. Não me ensina nada. Não me ama nada.